Porque sua empresa quer agilidade?

Socióloga Digital
3 min readDec 4, 2020

Qual é a motivação das organizações que querem ser ágeis?

Como boa Produteira que sou, eu tenho me perguntado “pra quê” as empresa vem buscando agilidade. E eu vejo vários motivos diferentes, sem querer fazer juízo de valor e nem pregar verdades absolutas(nem acredito nisso), vou escrever pra pensar sobre isso porque tem sido um exercício bacana que tenho adotado ultimamente.

Dentre os motivos que tenho visto, destaco: “porque precisamos mudar”, “porque não conseguimos contratar pessoas se continuarmos a trabalhar como antes”, “porque o presidente da empresa quer”, “porque é tendência de mercado”, “porque precisamos ser mais eficientes”, “porque precisamos ser inovadores”, “porque precisamos fazer Transformação Digital” e o motivo que mais me dói quando ouço “porque precisamos fazer a TI entregar mais rápido”.

Um ponto principal que tenho observado é que os motivadores são diferentes para “organizações antigas” e para “organizações jovens”.

As “organizações jovens” já nascem com a filosofia ágil em seu DNA de cultura e o assunto nem é uma questão, isso nem é discutido. Elas não se importam de seguir um framework ou outro, usam o que tem de melhor em cada um e inventam um forma própria de trabalhar. Vejo algumas inclusive já torcendo o nariz pra buzzwords de agilidade e rechaçando agile coachs. Será isso um sintoma do que as grandes organizações vem fazendo com a agilidade? Será só rebeldia da juventude? Na verdade, não sei…

Já as “organizações antigas”, em sua maioria dão muito valor para os frameworks e métodos e por vezes acabam por subverter toda a filosofia ágil afetando assim o ganho que poderiam ter tido com uma mudança real de cultura, de estrutura organizacional e até mesmo de modelo de negócios. Será isso um medo de perder o controle que pensam que tem? Será só desconhecimento sobre as reais vantagens que a filosofia ágil pode trazer? Também não sei…

Além de Produteira, eu também sou Antropóloga e tendo a associar fluxos organizacionais à fluxos da própria sociedade. Uma empresa é um pequeno núcleo social, se olhado em sua totalidade e generalizando bastante, “organizações jovens” e “organizações antigas” repetem movimentos de grupos jovens e idosos em nossa sociedade. É rebeldia X resistência a mudanças.

Eu, que estou ali na meia idade acredito no equilíbrio, somos diversos e radicalismos sempre prejudicam mais do ajudam. Penso que agilidade só faz sentido se tiver um propósito claro na organização.

As “organizações jovens” em algum momento também sentirão necessidade de um certo grau de gestão e controle. Elas acabarão por chegar a conclusão de que “não se pode melhorar o que não se pode medir” e pra medir é necessário um mínimo de padrão.

Nas “organizações antigas” o propósito tem que ficar mais claro, elas perceberão em algum momento que controle e gestão exageradas inibem a criatividade, a autonomia e o ownership de seus colaboradores e isso é o que impacta seus resultados.

Eu vejo 3 motivações principais para adoção de agilidade: Inovação, Eficiência e/ou Resiliência. Em cada uma dessas motivações o caminho a seguir em termos de agilidade vai ser diferente mas o ponto central que liga as 3 motivações é pensar eficácia.

Se a organização busca inovação vai investir muito em experimentação, se busca eficiência vai investir bastante em frameworks, métodos e métricas e se busca resiliência vai investir em repensar seu modelo de negócios.

É claro que essas motivações podem co-existir em vários formatos diferentes, mas o que quero deixar de mensagem aqui é a importância de setar contexto e buscar o equilíbrio. Particularmente, busco usar cultura de produto para garantir a eficácia e para direcionar essas 3 motivações diferentes, vou ajustando um pouco aqui e ali, acolhendo feedbacks e ajustando a direção. Afinal, além de Produteira e Antropóloga eu sou também sou Agilista e acolho feedback, observo fluxos e uso o que aprendi para melhorar o meu produto.

E quem disse que as pessoas só podem ser uma coisa na vida? ;-)

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